
Este artigo examina a reação de igrejas cristãs nos Estados Unidos às ações da ICE (Immigration and Customs Enforcement), com foco em como diferentes denominações e comunidades de fé têm respondido às políticas de imigração mais rígidas. Exploraremos as motivações religiosas por trás dessas reações, iniciativas de acolhimento, a teologia da hospitalidade e o papel das igrejas como santuário. A análise também aborda críticas, desafios legais e tensões entre lei e fé. O objetivo é compreender o papel da igreja como refúgio espiritual e social em tempos de crise migratória.
Introdução
A imigração sempre foi um tema delicado nos Estados Unidos, especialmente quando associada à política e à aplicação da lei. Com o endurecimento das políticas migratórias nos últimos anos, a ICE passou a exercer ações mais agressivas, incluindo batidas em comunidades, separação de famílias e deportações em massa. Frente a isso, diversas igrejas cristãs reagiram de maneira contundente, muitas vezes se posicionando como espaço de resistência e proteção.
A Teologia da Hospitalidade
O fundamento bíblico
Muitas igrejas baseiam sua resposta na doutrina cristã da hospitalidade. Versículos como Levítico 19:34 – “O estrangeiro residente que vive entre vocês deve ser tratado como um nativo” – são frequentemente citados para justificar o acolhimento de imigrantes. Jesus, em Mateus 25:35, afirma: “Eu era estrangeiro, e vocês me acolheram”. Esse fundamento é central para muitas ações e políticas adotadas por igrejas pró-imigrantes.
Amor ao próximo como ação prática
A hospitalidade cristã não é apenas simbólica; ela se expressa em ações práticas. Igrejas abriram suas portas para abrigar famílias ameaçadas de deportação e organizaram campanhas de arrecadação de fundos, apoio jurídico e psicológico para imigrantes.
O Movimento dos Santuários
O que é uma igreja santuário?
Igrejas santuário são congregações que oferecem proteção física a imigrantes indocumentados dentro de seus edifícios, desafiando indiretamente as autoridades. Esse movimento ressurgiu com força a partir de 2017, quando aumentaram as ações de deportação.
Exemplo de igrejas envolvidas
Diversas denominações, incluindo metodistas, luteranas, presbiterianas, católicas e batistas, aderiram ao movimento. Em alguns casos, pastores chegaram a enfrentar ameaças legais por abrigarem imigrantes em suas igrejas.
Reações institucionais
Conferências e posicionamentos oficiais
Várias organizações religiosas emitiram comunicados criticando ações da ICE. A Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, por exemplo, declarou repetidamente que as políticas migratórias atuais desrespeitam a dignidade humana.
Redes de apoio inter-religiosas
Além de igrejas cristãs, sinagogas e mesquitas também se uniram para formar redes de santuários, demonstrando solidariedade inter-religiosa. Essas redes têm promovido treinamentos, manifestações e encontros para articular respostas unificadas.
Casos emblemáticos
Jeanette Vizguerra
Imigrante indocumentada do México, Jeanette ficou famosa por viver por meses em uma igreja metodista em Denver para evitar a deportação. Seu caso trouxe atenção nacional ao movimento dos santuários.
A Igreja da Imaculada Conceição, em Durham
Essa paróquia católica acolheu por meses uma família guatemalteca. Com apoio da comunidade, conseguiu evitar a deportação e oferecer assistência jurídica à família.
Críticas e desafios
Conflito com a lei
Oferecer abrigo a imigrantes pode ser visto como obstrução à justiça federal. Algumas autoridades locais alertaram igrejas de que poderiam enfrentar consequências legais.
Polarização social
O envolvimento das igrejas gerou reações polarizadas. Enquanto fiéis elogiam o acolhimento, outros criticam o que chamam de ativismo político. Em alguns casos, membros se afastaram por discordar do posicionamento adotado.
O papel da fé na defesa dos direitos humanos
Espiritualidade e justiça social
Para muitos líderes religiosos, a defesa do imigrante não é política, mas espiritual. É uma extensão natural da missão de amar, proteger e acolher. A fé, nesse contexto, é vista como força motivadora para ações concretas.
Empatia como ponte
O discurso das igrejas frequentemente apela à empatia, destacando histórias humanas por trás dos números. Ao apresentar rostos e nomes, essas instituições procuram despertar compaixão e engajamento na comunidade.

Alternativas à deportação promovidas por igrejas
Programas de legalização
Algumas igrejas têm promovido campanhas informativas sobre caminhos legais para a permanência nos EUA, conectando imigrantes com advogados, assistentes sociais e ONGs.
Apoio psicológico e espiritual
A deportação causa traumas profundos. Igrejas têm criado espaços de escuta, grupos de apoio e retiros para restaurar a fé e o equilíbrio emocional de famílias afetadas.
Intervenções políticas
Além da assistência direta, muitas congregações têm pressionado congressistas, promovido petições e participado de audiências públicas para defender reformas migratórias mais humanas.
Conclusão
A reação das igrejas às ações da ICE reflete o profundo entrelaçamento entre fé, ética e responsabilidade social. Movidas por princípios espirituais, muitas congregações têm ido além da simples oração, atuando diretamente na defesa de imigrantes e desafiando estruturas que consideram injustas. Embora enfrentem críticas e riscos, essas igrejas revelam o potencial do espaço religioso como local de resistência e compaixão. Num mundo marcado por divisões, sua atuação lembra que a hospitalidade continua sendo um mandamento fundamental. Continue lendo
FAQ (Perguntas Frequentes)
O que é a ICE?
A ICE (Immigration and Customs Enforcement) é uma agência do governo dos EUA responsável pelo cumprimento das leis de imigração e alfândega. Ela realiza detenções, deportações e fiscalizações.
As igrejas podem ser penalizadas por abrigar imigrantes?
Legalmente, as igrejas podem enfrentar investigações, mas ações diretas dentro de locais religiosos são raras devido à sensibilidade pública e à tradição de respeito à liberdade religiosa.
Toda igreja apoia o movimento santuário?
Não. O apoio varia conforme a liderança, a teologia e a comunidade local. Algumas igrejas preferem oferecer apoio indireto, como assistência jurídica ou doações.
Qual o impacto disso na vida dos imigrantes?
Para muitos, o abrigo em igrejas significou tempo extra para buscar apoio legal, evitar separações familiares e manter a esperança diante de políticas hostis.
O que posso fazer para ajudar?
Você pode apoiar igrejas envolvidas com doações, voluntariado, participação em redes locais de acolhimento ou pressionando politicamente por mudanças na legislação migratória.